Um dia você acorda e é isso: passou. Não tem mais frio na barriga, não tem incerteza, não tem “será que algo mudou?”. Não tem coisa alguma além de um espaço quase vazio em que os primeiros pontos começam a se dissolver. Uma cicatriz nova; uma marquinha com um desenho ridículo – memória de algo que acabou e não dói mais. Um negócio para lembrar dos tombos no percurso – e da sensação de se reerguer.
É engraçado como a vida funciona. A gente se acostuma tanto a certas coisas que, às vezes, nem se dá conta de que o comum também machuca. Que os hábitos, por mais recorrentes que sejam, são só rotina – e não algo de extrema necessidade. De quando em quando, é só apego. Uma ligeira afeição àquilo que é familiar.
A verdade, no entanto, é que uma hora cansa. Chega um ponto em que a dependência, o vício – nomeie o seu, meu bem – suga tanto que é preciso escolher entre ceder ou colocar um ponto final na história; se dar uma chance de recomeçar.
E quando você se permite... Ah, ‘cê fica tão bem com esse sorriso que quase não dá para acreditar que antes era outra coisa. Que ardia e queimava e que dava vontade de sair por aí aos gritos para ver se alguém notava que algo estava errado. Mas você ficava em silêncio porque achava que ninguém iria entender, que era algo bobo demais para importar. Mas, importa. Importa tanto que, uma hora, isso vai mudar.
A vida segue, meu bem. Respire fundo, vamos lá.
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